terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Admirável mundo novo

Olá leitores. Hoje falaremos desta obra -no mínimo, inovadora- de Aldous Huxley. Esta é uma utopia que foi publicada no ano de 1932, e que incita um olhar curioso sobre o futuro. Na obra são citados muitos trechos das peças teatrais de William Shakespeare, inclusive, uma delas na qual foi inspirado o título do livro, Admirável mundo novo ( Brave new world, em inglês, idioma original):

"O, wonder!
How many goodly creatures are there here!
How beauteus mankind is!
O BRAVE NEW WORLD!
That has such people in't"
(Atenção, leitores: Nesta edição, não resistirei e contarei spoillers, então, se ainda não conhecerem a estória, ainda é tempo de fechar esta página do seu computador, pois estas informações podem estragar o prazer de lê-la) Na trama narrada por Huxley, a sociedade muda por completo. As pessoas são produzidas artificialmente, em um sistema de montagem, como aquele criado por  Henry Ford, em 1863- aliás, Ford é considerado como Deus nesta sociedade. Depois de "decantadas", as crianças passam por todo um processo de condicionamento para serem bons membros da sociedade e serem úteis para mantê-la em equilíbrio. As pessoas são divididas em castas, cada uma delas tem suas funções para manter o perfeito equilíbrio entre todos; durante sua fabricação, as pessoas de castas inferiores recebem um tratamento especial para terem o cérebro retardado e o corpo pouco desenvolvido, assim, estarão aptos para cumprir suas funções débeis e com o condicionamento se conformarão com a situação. Ninguém pode se casar ou manter relacionamentos duradouros, pois se acredita que eram os sentimentos que enfraqueciam os seres humanos da sociedade antiga e os faziam doentes, miseráveis, desequilibrados; e esse teria sido o motivo principal que a corrompeu. Se alguém se sentir triste de alguma maneira, toma a droga soma, que a faz sentir bem instantaneamente. A ciência e a arte foram muito limitadas, todos devem manter-se como estão, a estabilidade os faz seguir adiante sem problemas, e por esse motivo, não querem mais saber de projetos inovadores, descobertas científicas, artes dramáticas ou cultura do mundo antigo. Todas essas coisas corroeriam o condicionamento dos cidadãos contemporâneos, e se começassem a pensar diferente, a sociedade como um todo entraria em colapso, como fizera anteriormente. Este era o argumento:

"Agora o mundo é estável. O povo é feliz; todos têm o que desejam e nunca querem o que não podem ter. Sentem-se bem; estão em segurança; nunca ficam doentes; não tem medo da morte; vivem na perene ignorância da paixão e da velhice; não se afligem com pais e mães; não têm esposas, filhos nem amantes a que se apeguem com emoções violentas; são condicionados de modo a não poderem deixar de se comportar como devem. E se alguma coisa não estiver bem, há o soma."
Na trama aparece um índio que nunca teve contato com a civilização (os civilizados julgaram não valer a pena colonizar aquelas pequenas localidades) que obviamente não se adapta com as estranhezas daquele povo. Nada é natural, falar sobre pais e mães é algo completamente obsceno. Todos vivem repetindo lições hipnopédicas (que lhes foram repetidas milhares de vezes durante o sono, até que ficassem gravadas em seus subconscientes) sobre higiene, sociabilidade, estabilidade, o soma, o sistema de castas, tudo que lhes é conveniente saber para não prejudicar a sociedade. Somente aquele ponto de vista que lhes fora infligido. Nada mais. Permaneceriam ignorantes quanto a uma infinidade de questões. Tudo isso era sacrificado em nome da estabilidade. Por isso o selvagem não se adaptou e resolveu morar sozinho. Mas, só Ford sabe se ele conseguiu... Adorei as ideias de Huxley sobre o mundo futurístico, parece algo absurdo, totalmente diferente da nossa realidade. Justamente por esse motivo que aprecio sua criatividade, genial em minha opinião.